Aquele que já é um vencedor ensina outros a se tornarem vencedores também
Uma das razões pelas quais devemos investir em crianças é porque estamos edificando uma igreja de vencedores. Essa é nossa visão. Esse é o propósito para o qual Deus nos chamou, seja como pastores, seja como pais ou líderes, todos edificam com o mesmo propósito.
É importante compreender que uma igreja de vencedores é uma igreja de discípulos, na qual os membros são submissos ao cabeça, que é Cristo, e todos funcionam em unidade. Aprendemos uns com os outros e ministramos na vida uns dos outros. Isso é unidade. Aquele que já é um vencedor ensina outros a se tornarem vencedores também.
Podemos observar como Deus, em momentos cruciais da história, decidiu realizar seus propósitos começando com crianças. Desde a criação, era a intenção de Deus que Adão tivesse filhos à imagem e semelhança d’Ele, e o Senhor planejou que esse processo de reprodução começasse na infância. Deus não mudou os planos desde então. Vemos depois, com Abraão, que a promessa de Deus para ele estava inserida no filho que ele geraria. Abraão veria o cumprimento da promessa de Deus em Isaque, por isso ele é conhecido como o filho da promessa. Milhares de anos depois, Deus cumpriu a promessa do Messias, o Salvador, enviando-o em forma de uma criança.
Vemos na Bíblia que Deus começou a contar a história de muitos homens desde a infância, como Samuel, Isaque, Jacó, Moisés e outros. Com o próprio Filho de Deus foi assim. Ele poderia aparecer na história apenas em sua juventude, já que seu ministério começaria apenas aos 30 anos, mas Deus fez questão de registrar desde o momento do chamado de Maria, porque Ele queria se revelar como um Deus de propósito, que nos escolhe antes mesmo de sermos gerados. Como podemos ignorar tudo isso e achar que em nossa geração será diferente? Esta é a maneira de Deus levantar uma geração de vencedores: Ele começa na infância.
Como investir na infância para formar uma geração de vencedores?
Há dois aspectos da ação de Deus para formar vencedores: primeiro, usando a geração anterior; segundo, agindo desde a infância.
a. Uma geração semeia a geração seguinte
Deus começa a agir em uma geração agindo na geração anterior a ela. Aquela geração que pereceu no deserto por incredulidade não foi uma exceção nesse processo. Deus começou a agir por meio dos pais de Moisés, que o protegeram desde pequeno. Depois, por meio de Moisés, que foi um intercessor em sua geração, até que a geração seguinte entrasse e tomasse posse da terra. Na Bíblia, sempre veremos a ação de uma geração sendo refletida na outra. Precisamos ter consciência de que tudo o que fizermos hoje refletirá na geração de nossos filhos. Certamente, depois não teremos como mudar o que foi plantado, mas hoje ainda podemos escolher o tipo de semeadura que faremos.
Como geração, nós somos pais da geração seguinte. Precisamos protegê-los em oração e ser uma voz a proclamar no mundo espiritual a respeito deles. Temos de treiná-los para serem vencedores. É a geração dos pais que tem de assumir os filhos, e não me refiro apenas aos pais naturais. É comum vermos nas igrejas os jovens e adolescentes assumindo a liderança do trabalho com crianças. Por quê? Eles não têm filhos, e muitos nem têm idade para isso. Então, por que essa tarefa está sendo confiada a eles? Você que é pai ou mãe confiaria a educação de seu filho a um adolescente? Mas a vida espiritual você confia? Precisamos corrigir isso! Quem deve assumir a liderança dos ministérios com crianças nas igrejas são os adultos, porque são eles os que têm maturidade para ensinar e treinar as crianças; são eles que geram filhos. Quando digo assumir a liderança, refiro-me a tomar o lugar de um pastor, exercer a função dos discipuladores, tomar a frente dos cultos de crianças etc. Creio que os mais jovens podem auxiliar, liderar e participar, mas não devem ser a maioria dessa liderança e muito menos tomar a frente dela.
O mundo espiritual respeita autoridade espiritual
Enquanto tivermos pessoas imaturas à frente do ministério com crianças, não seremos uma ameaça ao inferno. Nós só temos tido êxito no ministério com crianças em Goiânia porque foi estabelecida uma liderança séria e comprometida, na qual as esposas de pastores assumiram a frente, juntamente com as demais esposas de líderes e, juntas, demos um basta ao inferno: “Em nossas crianças, o inimigo não toca!” O diabo respeita autoridade delegada, mas não respeita quem não tem autoridade. Pastores e pais têm autoridade da parte de Deus para falar, orar, intervir e treinar as crianças. Quando eles abdicam de sua autoridade, as crianças têm poucas chances de se tornarem vencedoras.
b. Formar uma geração implica formar uma mentalidade
O segundo aspecto importante sobre formar vencedores é que precisamos investir na infância com o alvo de formar uma mentalidade de vencedor. Antes de fazer de alguém um vencedor, primeiro é preciso ensiná-lo a pensar como vencedor. Uma das razões por que a geração dos pais não entrou na terra de Canaã é que, embora fossem livres, eles tinham uma mentalidade de escravos. Por isso, por várias vezes, fizeram menção de voltar ao Egito. Eles pensavam como escravos e agiam como tais. Deus queria fazer deles um povo vencedor, mas eles se viam como gafanhotos.
Certa vez, numa viagem a Israel e outros países vizinhos, fiquei observando como sempre apareciam crianças nos lugares em que parávamos para ministrar. Isso aconteceu no Egito, na Turquia, na Grécia. Elas se aproximavam e ficavam à nossa volta, mas os adultos olhavam de longe. Então pensei: “De fato, se quisermos ganhar uma nação, a melhor estratégia é investir nas crianças”. Até os governos abem disso, pois dizem: “Se quiser mudar um país, invista na educação infantil”. Para quê? Para formar uma mentalidade. No caso do governo, a mudança de mentalidade é útil para despertar o desejo de estudar, de ter uma profissão, de ser um cidadão que produza e contribua para o crescimento de seu país. No reino de Deus, não é diferente. Se quisermos edificar uma igreja de vencedores, precisamos investir no ministério com crianças, pois muitos adultos praticarão apenas cinquenta por cento dessa visão, porque já trazem dentro de si uma mentalidade doentia, às vezes legalista, clerical e com muitos outros “vírus”. As crianças, porém, ao receber a visão desde pequenas, têm mais chances de praticar cem por cento dela.
Rebeca e Jacó nos dão um exemplo muito claro da importância e necessidade de investirmos na infância com o alvo de formar uma mentalidade de vencedor.
Muito antes de Jacó nascer, Deus havia dado a Rebeca, sua mãe, uma palavra de que Jacó seria o escolhido de Deus para herdar a promessa dada a Abraão. Rebeca creu naquela palavra e, embora Jacó fosse o mais novo, ela sabia que ele era o escolhido para herdar a bênção de seu pai, Isaque. Podemos ver, no decorrer da história, que Jacó sempre desejou a bênção da primogenitura, que lhe dava o direito de ser o herdeiro da promessa de Deus. Mas como ele poderia desejar algo que sabia não lhe pertencer por direito?
Segundo a tradição, o irmão mais velho herdava a bênção, o que significava a maior parte da herança, e também se tornava o chefe da família. A Bíblia diz que Jacó era mais apegado à mãe e gostava de ficar perto de Rebeca, enquanto seu irmão, Esaú, gostava de caçar. Esse relacionamento com sua mãe não aconteceu por acaso. Certamente Rebeca o manteve perto dela com o objetivo de influenciá-lo. Ela tinha a palavra de Deus e, por isso, foi o canal pelo qual Deus pôde agir para formar a mentalidade de Jacó. O resultado é que Jacó aprendeu a valorizar a bênção de Deus, enquanto Esaú, seu irmão, a desprezou. Esta é uma característica do vencedor, ele valoriza o que Deus valoriza.
Na verdade, o que Deus havia dado a Rebeca era mais do que uma palavra, Ele havia lhe dado a responsabilidade de formar o herdeiro da promessa. E o mesmo acontece hoje: Deus nos chama para preparar herdeiros espirituais. No entanto, formar uma mentalidade é um processo que leva tempo, certamente um período que dura toda a infância. Portanto, se a igreja deixar para investir nessa geração após os 12 anos, a mentalidade já estará formada, a forma de pensar já terá sido estabelecida.
Formar vencedores implica também investir em potencial. As crianças têm um potencial tremendo, precisamos apenas acreditar nele. É uma questão de fé, porque ainda não há frutos.
Comecei a trabalhar com crianças aos 13 anos. O professor de crianças da Escola Dominical havia saído e o pastor fez um apelo no púlpito a quem quisesse assumir as salas de crianças. Ninguém levantou a mão, nem mulheres, nem jovens, então levantei a minha. A partir daquele dia, eu me tornei a professora de crianças da Escola Dominical. O que eu fiz só Deus sabe, mas foi assim que tudo começou. Porém, ninguém viu potencial em mim. Depois disso, eu parei, como todos os outros pararam. Quando fiz Seminário, também não ouvi falar nada sobre ministério com crianças, porque o modelo ainda era o mesmo da minha infância. Só fui receber meu chamado para esse ministério aos 32 anos, mas isso poderia ter acontecido vinte anos antes se alguém tivesse investido em meu potencial. Graças a Deus, Ele não desiste de nós.
Quando Deus me chamou para trabalhar com crianças, perguntei a Ele por que o Aluízio, meu esposo, havia sido chamado para formar líderes (pois essa era uma palavra clara para nós quanto à visão da igreja que iríamos edificar), mas eu havia sido chamada para algo tão diferente. A resposta de Deus me surpreendeu e mudou completamente minha visão em relação às crianças: “Quando você olhar para as crianças, veja líderes”.
Onde mais eu poderia ouvir isso? Em que livro estava escrito, que eu nunca li? Por que ninguém jamais me falou sobre isso? A igreja precisa acordar. Deus nos chamou para edificar uma igreja de vencedores, na qual cada membro é um ministro, um sacerdote, um líder na casa de Deus, e isso deve começar na infância. Por isso, a visão do Ministério Radicais Kids é a mesma visão da Igreja Videira e também tem a mesma estrutura, porque estamos edificando a mesma igreja. É uma geração que se levanta para gerar a próxima geração.
Fonte: A criança é membro do corpo — Pra. Márcia Silva
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