O perdão é divino e passou a existir plenamente somente depois que Jesus veio à
Terra. Foi Cristo quem o trouxe até nós. O ímpio não pode perdoar genuinamente, pois
apenas aquele que tem o Espírito de Cristo é capaz de fazê-lo.
Ao falar sobre o perdão, Jesus contou uma parábola que ilustra bem nossa história
com Deus. Trata-se de um homem que teve uma grande dívida perdoada, porém não
perdoou a pequena dívida de um companheiro, lançando-o na prisão. Ao saber disso, o
credor que lhe havia perdoado voltou atrás e mandou que lhe encarcerassem também.
Nossa dívida com Deus era impagável e infinitamente maior do que qualquer dívida
que alguém pudesse ter conosco, pois matamos o seu Filho através de nossas
transgressões, mas fomos perdoados. Portanto, por pior que tenha sido a ofensa que
sofremos ou praticamos, ela não é maior do que os nossos pecados contra Deus. E se
ainda assim Ele nos perdoou, não temos o direito de não perdoar o nosso ofensor.
Da mesma maneira como não merecemos, mas fomos perdoados, precisamos
perdoar. Caso contrário, também não seremos perdoados, pois o perdão de Deus é
somente para aquele que se declara pecador. Quando não perdoamos alguém que nos
ofendeu ou magoou, mas sustentamos o ódio, a mágoa e a vingança, é como se
impedíssemos Deus de agir em nossa vida, pois estamos nos declarando
suficientemente justos para exigir justiça do outro e, assim, perdemos a justificação
que vem de Deus.
A liberação do perdão é a chave para a manifestação do poder curador e libertador de
Deus na vida de qualquer pessoa. Perdoar não é fácil, mas é importante lembrar que
aqueles que nos feriram foram usados por demônios, e nossa guerra não é contra
pessoas, mas contra esses espíritos malignos.
Quando nos vemos como vítimas e exigimos justiça, a mágoa se torna uma fortaleza
maligna dentro de nós, dando legalidade a Satanás para que ele nos mantenha presos
e oprimidos. Isso acontece porque, quando nos convencemos de que nossos
ressentimentos são justificáveis e corretos, produzimos fortalezas espirituais, que são
a base para a atuação de espíritos malignos em nossa vida.
Há pessoas que passaram por situações terríveis, converteram-se, mas nunca
experimentaram arrependimento e perdão genuínos em seu coração. Por isso,
precisamos saber que, quando somos feridos e não perdoamos, entramos por um
longo caminho de destruição, porque a ferida gera ressentimento, acusação, ódio,
engano e, por fim, perversão.
Apenas o perdão quebra esse laço, pois, através dele, abrimos caminho para que o
Espírito Santo trabalhe em nós, limpando nossas fontes, restaurando a paz e a
comunhão. Quando plantamos o perdão, a misericórdia e o amor, começamos a colher
a paz de Deus.
A ATITUDE QUE VENCE A OFENSA
Quando sofremos algum dano ou ofensa, começamos a sentir a dor que isso nos
causou. Nesse momento, surgem emoções como indignação, ira ou raiva, mas é inútil
expressá-las. Porém, precisamos entrar em contato com elas e reconhecer que existem
dentro de nós, pois não há como perdoar se não reconhecermos a dor da ofensa.
Segundo o escritor James Buswell, uma pessoa nunca perdoa verdadeiramente seu
ofensor a não ser que suporte a penalidade do pecado cometido contra ela, ou seja,
para perdoar aquele que nos ofendeu, devemos aceitar nossa perda e também as
consequências do pecado do outro e deixar que ele fique livre.
Todo aquele que perdoa paga um preço enorme: o preço do mal que ele perdoou. Por
isso, o momento em que mais nos parecemos com Jesus é quando perdoamos.
Passos para o perdão
1. Reconhecer a dívida
O primeiro passo para que o perdão aconteça é reconhecer a dívida. O fato de não
admitir o ressentimento e a ferida no coração não significa que não existam. Eles
podem existir e estar infeccionando nossa vida.
2. Decidir perdoar
O perdão é uma decisão, não um sentimento. Ele contraria a vida da alma e é um
exercício de fé, pois deliberadamente escolhemos algo que contraria nossa natureza
terrena e seguimos a direção de Deus em nosso espírito. Uma vez tomada a decisão,
os sentimentos virão.
Não devemos esperar que a outra pessoa se arrependa para só então perdoá-la. Jesus
e Estevão perdoaram antes que houvesse qualquer arrependimento por parte de seus
agressores (Lc 23.34; At 7.60). O perdão é sempre injusto, pois é imerecido e
incondicional, e independe da gravidade da ofensa.
O perdão não depende de emoção, por isso não precisamos esperar que o Senhor gere
em nós uma emoção positiva em relação a quem nos ofendeu para só depois perdoar.
Perdoar não é resultado de esforço mental. Entendermos as causas que levaram
alguém a nos ofender não é condição para perdoar.
O perdão não depende de sentir vontade, pois o desejo do homem sempre penderá
para a vingança. A amargura é pecado e não temos o direito de desejar a vingança.
Não somos justos para exigir justiça para quem quer que seja e, se houver pecado,
devemos nos arrepender. Devemos abandonar todo sentimento de justiça própria e
nos reconhecer como pecadores e, portanto, incapazes de exigir perfeição do outro.
Um bom exercício para isso é pedir a Deus que nos mostre a forma como Ele vê o
agressor.
3. Esquecer a ofensa
Devemos esquecer completamente a ofensa, de forma que sequer a mencionemos
para outras pessoas. Essa também é uma chave para impedir que o espírito de justiça
e vingança estabeleça uma fortaleza em nossa vida.
4. Abençoar o ofensor
O maior sinal de um coração livre da mágoa é a liberação de palavras boas a respeito
do ofensor. Por isso, devemos abençoar as pessoas, pois abençoar é falar bem e
desejar o melhor para o outro.
Fonte: Honra teu pai e tua mãe — Pr. Naor
Pedroza
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