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Algumas coisas no inferno que precisamos na igreja

Ler Lucas 16.19-31

Você deve estar encabulado a respeito do título deste capítulo. Será que existe alguma coisa

no inferno que precisamos hoje na igreja? Certamente sim. Cada pessoa precisa entender

aquilo que o homem rico no inferno finalmente descobriu. É incrível como ele saiu de uma

posição espiritualmente cega e foi completamente esclarecido quando chegou ao inferno.

Sei que parece estranho a alguns, mas precisamos entender hoje aquilo que outros somente

vão perceber no castigo eterno. Assim, eu gostaria de colocar algumas coisas que o inferno nos

ensina. Há coisas que existem no inferno, mas que devem existir entre nós com muito maior

intensidade. Sei que essa é uma comparação inusitada, mas gostaria de enumerar pelo menos

quatro coisas.

1. Uma visão clara

No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a

Abraão e Lázaro no seu seio. (Lc 16.23)


A primeira coisa que se diz é que o homem rico viu. Ele costumava viver em completa

cegueira, mas, quando foi lançado no inferno, seus olhos se abriram, ele foi tomado de uma

lucidez espiritual e de um grande esclarecimento. A visão que aquele homem teve é muito

diferente da visão propagada que todo líder precisa ter. Hoje, fala-se muito de visão, mas

aquele homem teve a visão que realmente conta.

O homem rico teve no inferno uma visão que deve ser clara para todos nós. Há um lugar de

julgamento e condenação e há um lugar de glória e comunhão com Deus. Essa visão nos

permite, em primeiro lugar, receber a salvação, mas ela também deveria ser capaz de nos levar

a evangelizar e advertir todo homem da realidade do julgamento de Deus.

Uma atitude desinteressada no evangelismo pode ser o sinal de uma fé vacilante nessa

verdade. Precisamos na igreja hoje daquilo que aquele homem somente teve no inferno: uma

visão clara.

Nós sabemos que aqueles que creem no Senhor hoje recebem a vida eterna, mas a expressão

“vida eterna” tem sido mal compreendida. Vida eterna corresponde a uma palavra grega,

“zoe”, que significa simplesmente a vida com a qual Deus vive. Os tradutores, não encontrando

uma expressão equivalente em português, chamaram-na de vida eterna. Aqueles que creem

no Senhor recebem o “zoe”, a vida de Deus. Mas a verdade é que a vida eterna todo homem já

tem. A grande questão hoje é onde as pessoas passarão a eternidade.

É algo inquietante, mas verdadeiro: o inferno existe e muitas pessoas estão indo para lá agora

mesmo. Muitos não gostam de tocar nesse assunto ou imaginam que se trata de uma

superstição medieval, mas a verdade é que o inferno foi um dos principais temas abordados

por Jesus.

Sei que evangelizar significa anunciar as boas novas. Por isso, nós falamos do inferno, para que

a pessoa entenda melhor as boas novas que anunciamos. Infelizmente, o inferno existe.

Quantos realmente acreditam na realidade do inferno? Você acredita mesmo ou pensa que é

uma doutrina medieval da Igreja Católica? “Ah, isso aí é ultrapassado, é coisa de Dante


Alighieri, século XII!” Nós estamos no século XXI, e falar de inferno hoje é uma aberração, um

atraso cultural. Ficamos muito modernos e resolvemos acabar com o inferno. Mas a Bíblia

afirma que ele é uma realidade e que muitas pessoas estão indo para lá.

Como é que o amor de Deus pode estar em nosso coração e não nos importarmos com o

destino eterno das pessoas? É possível alguém dizer que tem o amor de Deus em si e ignorar a

perdição dos outros? Eu não quero ser apelativo, mas pessoas próximas de você podem estar

indo para o inferno, quando você poderia estender a mão para elas e alertá-las.

Um tempo atrás, tive uma experiência forte sobre isso. Eu tinha um vizinho, e nós convivíamos

com suas filhas, as quais haviam se convertido em nossa igreja. Para ele, entretanto, eu nunca

havia pregado. Talvez suas filhas tivessem pregado, mas eu mesmo não. E aconteceu, numa

sexta-feira, que ele amanheceu com uma dor de cabeça terrível, tão grande que não tinha

nada que a fizesse passar. Então, ele foi ao médico, que diagnosticou uma virose.

No sábado de manhã, ele mandou um recado para mim: “Pede ao pastor para vir aqui orar e

conversar comigo”. Ele estava sentindo algo. E eu respondi: “Amanhã eu vou”. Era um sábado

de manhã e, no domingo, eu teria uma ocasião para visitá-lo, porque eu pensei que era só uma

virose. À tardinha, ele entrou em coma e, domingo, na hora do almoço, ele morreu. Na tarde

em que eu ia visitá-lo, fui ao cemitério para vê-lo.

Ele pediu: “Fala para o pastor vir aqui conversar comigo que eu preciso falar com ele. Quero

também que ele ore por mim”. Ele nunca havia aberto o coração para o evangelho, nunca

havia falado nada. Era uma pessoa extremamente simpática, amável, sempre me

cumprimentou, mas eu nunca havia pregado para ele. Eu disse que iria amanhã e o amanhã foi

tarde demais para ele. Eu não vou dizer que fui sua última oportunidade, pode ser que suas

filhas, que também eram da igreja, tenham testemunhado para ele. Só o fato de ele pedir para

conversar comigo já mostrava que ele estava invocando o Senhor. Mas, e se houvesse a

necessidade de eu falar para ele, de fazer uma oração de entrega e ele poder confessar o

Senhor e partir para a glória?

Infelizmente, muitos cristãos vivem numa completa indiferença em relação ao destino eterno

das pessoas que os rodeiam. Essa indiferença é fruto de cegueira espiritual e uma fé débil. Se

cremos realmente na realidade do inferno, não podemos nos calar diante dos homens.

Outra consequência de termos uma visão espiritual é que percebemos a realidade das coisas.

Você percebe como as coisas em si mesmas são como bolha de sabão. Parecem

deslumbrantes, mas completamente fugazes e passageiras. No inferno, aquele homem

percebeu isso, mas nós precisamos ter essa clareza hoje. Precisamos ter a percepção do valor

real das coisas. Diante da realidade espiritual do inferno, descobrimos que aquilo que

realmente tem valor é a vida.

2. A oração e a súplica

Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! (Lc 16.24)

Existe um tempo de oração e súplica. Esse tempo é hoje. Quem diria que o inferno pode ser

um lugar cheio de clamor e súplica! Mas é justamente isso que Jesus disse, o homem rico

estava clamando. Infelizmente, aquele homem não podia mais clamar a Deus, pois não tinha

acesso ao Pai. Ele clamou a Abraão. Hoje, porém, nós temos livre acesso ao Pai pelo sangue de

Jesus. Alguns, infelizmente não têm o encargo devido. Alguns clamam aqui, outros clamarão

na eternidade.


Não precisamos clamar ao pai Abraão, porque podemos orar ao nosso Pai, que está no céu,

nós podemos chegar diante do trono da graça e ter os tesouros do céu abertos para nós. É

terrível pensarmos que algumas vezes há mais clamor no inferno do que na igreja.

Infelizmente, por falta do encargo devido, muitos não clamam pelo avanço da obra.

3. A consciência da própria condição

E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a

língua, porque estou atormentado nesta chama. (Lc 14.24)


Mais do que qualquer outra coisa, aquele homem teve a clara percepção da futilidade de todas

as coisas diante do peso da eternidade. Ele sabia que estava no inferno por causa de suas

escolhas nesta vida.

Mesmo sendo cristão, muitos ainda vivem no engano do consumismo e das posses materiais.

Não percebem que a vida é como uma erva que nasce, cresce e desaparece numa única

estação. Muitos estão embriagados com os divertimentos do mundo e perderam

completamente a noção do valor real das coisas espirituais. Aquele homem rico, porém, tinha

agora uma completa clareza da futilidade da riqueza que ele havia acumulado sobre a terra.

4. A preocupação com a salvação dos pecadores

Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,

porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não

virem também para este lugar de tormento. (Lc 16.27-28)


Antes, eu pensava que os pecadores no inferno não estavam se importando a mínima com

aqueles que ainda estão aqui, mas hoje, meditando nesse texto de Lucas, entendo que a

preocupação com os que ainda estão aqui certamente é parte do tormento deles, os quais se

sentem angustiados quando percebem a incredulidade e a indiferença dos pecadores aqui.

Isso também é algo que precisamos aprender com os que estão no inferno.

É terrível imaginar que no inferno as pessoas tenham maior encargo pela salvação das pessoas

do que a igreja. O homem rico tinha cinco irmãos e estava preocupado com eles. É

inimaginável pensar que alguém no inferno está preocupado com a salvação de sua família,

enquanto nós estamos indiferentes a isso dentro da igreja.


Fonte: Chamados para ser feliz — Pr. Aluízio


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