O Cântico dos Cânticos fala da noiva e do noivo, que, nesse caso, eram a Sulamita e Salomão. Em hebraico, Sulamita é a forma feminina de Salomão, então é o nome Salomão no feminino. Ela é a noiva, a amada de Salomão.
Por que o Cântico dos Cânticos é chamado assim? Porque é cantado acima de todas as outras canções. Nenhuma outra canção de amor ou canção romântica está nesse nível. O Cântico dos Cânticos é o cântico acima de todos os outros cânticos. Por quê? Porque é uma música sobre o Filho de Deus e o seu amor por nós, por sua noiva. É uma poesia romântica cheia de amor. Começa dizendo no capítulo 1: “Beija-me com os beijos de tua boca”.
É como dizer: “Deixe-me experimentar o seu amor pessoal”. Esse é o momento quando você encontra satisfação na vida!
Salomão aqui é uma figura do nosso Senhor Jesus Cristo, que é o filho mais velho de Davi, então Ele é representado aqui por Salomão.
Obviamente, comparando-os, Jesus é maior do que Salomão, mas, em termos de tipologia, Davi representa Jesus Cristo quando Ele estava na terra, enquanto Salomão representa Jesus quando Ele voltar.
Davi foi quem matou Golias, quem conquistou a vitória, mas também quem foi rejeitado por seus irmãos; depois disso, ele voltou para o seu pai. Agora, ainda estamos nos dias em que Davi-Jesus está vagando. Durante esse tempo de rejeição por parte de Israel, ou seja, dos irmãos de Jesus, que é o maior Davi que agora está no céu, Davi foi escondido de Israel mesmo sendo o rei justo e legítimo.
Da mesma forma, o mundo e Israel rejeitaram o Messias, o Filho de Davi, mas Ele está esperando o dia da sua coroação. E chegará o dia em que dirão: “Tragam o filho do rei!” (2Re 11.12).
E a Bíblia nos diz que Judá finalmente dá as boas-vindas a Davi de volta, e Davi diz: “Por que você é o último a me receber de volta?”
Quando Jesus finalmente voltar, Israel o receberá. É quase como se Jesus dissesse: “Por que você é o último? Você é minha carne e sangue, eu também sou judeu” — o Salvador do mundo é judeu.
Cantares é uma canção de amor
Quando Salomão se apaixonou pela Sulamita, ele veio a ela não na forma de um rei, mas na forma de um jovem do campo. Esta é a representação do Rei de todos os reis: quando Ele veio a nós, Ele veio humildemente.
Alguns dizem que Jesus veio e era rico. Não. Ele é rico, mas veio de uma família pobre. Como sei que era uma família pobre? Maria era de linhagem real porque descendia da linhagem de Davi e José, marido de Maria, também derivado da linhagem de Davi: Maria descendia de Natã (filho de Davi), José descendia de Salomão (outro filho de Davi). Ambos tinham direito ao trono, mas, naquela época, devido à maldição que caiu sobre Jeoaquim, rei de Judá, eles eram pobres porque a linhagem real tornou-se pobre.
De acordo com a lei levítica prescrita, um sacrifício deveria ser oferecido após o nascimento de uma criança: os muito ricos traziam um boi, a classe média trazia um cordeiro e os pobres traziam um par de rolas ou dois pombos.
Por isso, no Evangelho de Lucas, que fala do nascimento de Jesus, Maria trouxe um par de rolas ou pombos. Isso me faz entender que Jesus nasceu em uma família pobre, mas não ficaram pobres, porque, onde o Senhor está, o ouro vem. Também chegaram incenso e mirra, que eram especiarias muito caras naquela época.
Jesus financiou a mudança deles para o Egito. Ele financiou a fuga de sua família. Então, é verdade que eles não ficaram pobres, mas eram pobres quando Ele nasceu naquela família. Ele não nasceu em uma família rica. Ele não nasceu em um lugar rico.
O teu amor é melhor do que a vida
A igreja diz a Jesus, o Noivo: “[…] o teu amor é melhor do que o vinho” (Ct 1.2).
Davi disse: “A tua graça (ou o teu amor) é melhor do que a vida” (Sl 63.3). A noiva diz que esse amor é melhor do que o vinho, que embriaga. O vinho era um luxo na época do Cântico dos Cânticos.
Depois, mais adiante, no capítulo 4, o Noivo se dirige à noiva e diz: “Quanto melhor é o teu amor do que o vinho”. “Quanto melhor” — estas duas palavras são preciosas! Ele sempre nos supera, Ele sempre faz além do que pensamos.
Por exemplo, alguns pais levaram seus filhos a Jesus para que lhes impusesse as mãos, e a Bíblia diz que Jesus abraçou aquelas crianças, pegou-as no colo e não apenas as tocou (Mc 10.13,16). Ele sempre supera a nossa expectativa! Quando você ora, Ele atende suas orações além do que você pede!
A primeira menção de amor
A primeira menção de amor na Bíblia é sobre o amor do pai pelo filho: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas” (Gn 22.2)
Foi Deus que falou dessa forma a Abraão. A primeira men- ção é sempre importante na Bíblia porque nos dá o sentido geral daquele tópico em toda a Escritura. E a primeira menção é sobre o amor do pai pelo filho.
Você nunca saberá o quanto Deus ama você até que entenda o quanto Deus ama o Senhor Jesus, seu Filho! Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós (Rm 5.8). Deus deu o seu Filho por você.
A segunda menção de amor na Bíblia é o amor do noivo por sua noiva. Em Gênesis 24, lemos a respeito do servo de Abraão (cujo nome não é mencionado) que busca uma noiva para o filho amado de Abraão. Então, temos um servo sem nome porque ele não chama a atenção para si e é uma figura do Espírito Santo. O Espírito Santo vem para glorificar Jesus Cristo e preparar a sua noiva.
Portanto, a longa jornada de Rebeca para ir ao encontro de Isaque representa a igreja de hoje em sua longa jornada em direção ao seu Noivo. Naquela época, deveria haver noites em que Rebeca se sentava ao redor do fogo, e o servo de Abraão lhe contava histó- rias maravilhosas sobre o seu amado filho Isaque, esse doce filho a quem seu pai amava tanto que lhe deu tudo. Não é essa a história da igreja hoje?
Rebeca nunca tinha visto Isaque, mas ela o amou por ter ouvido as histórias sobre ele. Embora nunca tenhamos visto o Senhor, nós o amamos porque o Espírito Santo pode nos dizer mais sobre Ele do que qualquer outra pessoa.
Não perca a percepção da sua presença
Deus nunca vai abandoná-lo. Ele pagou o preço para que você tenha a sua presença constante. Ele foi abandonado por nós, para que nunca fôssemos abandonados. Temos a presença constante de Deus e, mesmo quando erramos, Ele não nos abandona.
Entretanto, na dinâmica do relacionamento, mesmo que nunca nos abandone, Deus esconde a percepção de sua presença. Quantos sentem às vezes que não percebem a presença d’Ele? Você pode dizer: “Antes, eu sentia a sua presença, a sua proximidade, o seu amor, mas agora me parece que tudo está mais frio. Sei que Ele nunca me abandona, mas sinto falta daqueles tempos”.
Isso já aconteceu com você? É assim que Deus atrai você. E, como Ele nos ama, é como amamos nossa esposa e como elas res- pondem a nós.
Há um belo exemplo disso no Cântico dos Cânticos. De todos os cânticos, Deus ensinou mais sobre um cântico em particular, chamando-o de Cântico dos Cânticos e colocando-o bem no centro da Bíblia, no coração da Bíblia. Chama-se Cântico dos Cânticos porque trata do maior tema de todos: não fala de escatologia, não fala de outras doutrinas, mas fala do amor de Cristo pela igreja, fala do amor de Jesus por nós.
No Cântico dos Cânticos, há uma parte da história, no capítulo 5, em que a mulher está dormindo na cama, e o noivo chega e a convida para abrir a porta, dizendo:
Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite. (Ct 5.2)
Mas ela diz que se banhou, já lavou os pés, está fresca e limpa, passou maquiagem e está toda arrumada, não quer sujar os pés de novo. Na cultura do Oriente Médio, existe muita poeira nas ruas.
Veja o que ela diz:
Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá-los? (Ct 5.3)
Portanto, ela não correspondeu ao seu amor. Então, está escrito:
O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele. (Ct 5.4)
Ele colocou a mão na fresta da porta, e isso é uma figura de quando ela viu a mão dele perfurada pelo prego da cruz. A maneira como Ele reacende o nosso amor é lembrando-nos do que aconteceu na cruz, lembrando-nos do quanto Ele nos amou.
Agora que o seu amor por ele foi reacendido, ela abre a porta, mas ele não está mais lá.
Levantei-me para abrir ao meu amado; as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos mirra preciosa sobre a maçaneta do ferrolho. Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu. (Ct 5.5-6)
Há momentos em que Ele esconde a percepção da sua presença, mas Ele nunca retira a sua presença, Ele está sempre conosco. Contudo, às vezes Ele tira a sensação, a percepção da sua presença para que o desejemos! Isso já aconteceu com você? É assim que Ele ama você. Ele quer um relacionamento dinâmico. Portanto, foque sua atenção em Jesus.
A noiva, então, saiu e começou a procurar o seu amado na rua por- que ele se foi. Ela começou a desejá-lo novamente, então encontrou algumas mulheres que perguntaram quem ela estava procurando, ao que respondeu: “Eu estou procurando o meu amado”.
Elas retrucaram:
Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuras? (Ct 5.9)
E ela começou a falar do seu amado, dizendo:
O meu amado é alvo e rosado, o mais distinguido entre dez mil. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos, cachos de palmeira, são pretos como o corvo. Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. (Ct 5.10-12)
O Senhor é radiante, glorioso. Seus olhos são como os das pombas.
Ela começou a descrevê-lo para as mulheres e, quando o descreveu, ele apareceu. Não é lindo? Quando você perder a percepção do amor do Senhor, comece a falar sobre a sua beleza com outra pessoa. O que acontecerá? A percepção da sua presença e do seu amor retornarão!
Ela não falou diretamente com ele, mas falou com alguém sobre ele, e ele apareceu.
No Cântico dos Cânticos, quando o Senhor fala da beleza da noiva (que somos todos nós), fala diretamente a ela; mas, quando a noiva fala da beleza do noivo, ela o faz indiretamente: quando ela fala dele, ele aparece.
Quando falamos do Senhor, quando cantamos sobre o Senhor, voltamos a sentir a sua presença!
A maturidade da noiva
Podemos ver a maturidade da noiva no Cântico dos Cânticos. A princípio, ela fala possessivamente, ela mesma ainda no centro: “O meu amado é meu, e eu sou dele” (Ct 2.16). Ela sente o amor, mas também sente que Jesus está ao seu lado: “O meu amado é meu, e eu sou dele […]”.
Mais adiante, no fim de Cantares, a certa altura, ela diz: “Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim” (Ct 7.10).
Observe que ela mudou de posição, agora ela entende que é o Senhor quem a deseja, é o Senhor quem a quer.
Entre as duas expressões: “O meu amado é meu, e eu sou dele” e “Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim”, a última é melhor. Na verdade, o que é melhor: você tentar se segurar no Se- nhor Jesus com força ou o Senhor segurar você?
Quando você diz: “O meu amado é meu”, é você que se agarra a Jesus. Quando você diz: “Eu sou do meu amado”, é Ele que o segura com força.
Uma criança que segura a mão da mãe pode soltá-la acidental- mente e pode ocorrer um acidente no meio da estrada. Todavia, se for o pai (ou a mãe) que segura a mão da criança e um carro estiver vindo a toda velocidade, o pai arrasta a criança para o outro lado.
Você pode sentir-se seguro, pois o Senhor o mantém próximo.
Ele diz: “Não temas, eu estou contigo”.
A Nova Aliança deve lhe dar segurança. A pregação da Nova Aliança deve sempre lhe dar segurança. Aquele pregador que tira sua segurança não é de Deus. Sempre que você ouvir qualquer sermão que tire sua confiança não procede de Deus.
De alguma forma, o diabo plantou essa ideia na igreja de que, quanto mais você mantém o corpo de Cristo na incerteza e inse- gurança, mais as pessoas ficarão firmes na igreja. Por esse método, elas podem ser controladas pelo medo, mas você não pode ajudá-las a viver uma vida santa. Alegria e paz não podem existir em uma atmosfera de incerteza e insegurança.
Pr. Aluízio Silva
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