No capítulo 4, do verso 25 ao 32, Paulo faz oito exortações aos irmãos. Essas exortações são especialmente sérias, porque deixar de ouvi-las pode entristecer o Espírito Santo em nós. Todas as vezes que damos lugar ao diabo, entristecemos o Espírito.
Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. (Ef 4.25-32)
1. Fale cada um a verdade com o seu próximo
O argumento de Paulo é que não devemos mentir uns aos outros porque somos membros uns dos outros, ou seja, somos membros do corpo de Cristo. Uma mentira é uma facada fatal nos vínculos do corpo de Cristo. A comunhão é edificada na confiança e a confiança é edificada na verdade. Logo, a falsidade subverte a comunhão, mas a verdade a fortalece.
Qualquer forma de mentira abre um espaço para que o diabo tome lugar e proveito em nossa vida.
Vós sois do Diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. (Jo 8.44)
Existem vários tipos de mentira:
Uma pessoa de dupla palavra. Num momento é sim; no outro, não.
Acrescentar a própria opinião a um fato pode ser uma mentira, pois quase sempre é fruto de suposição carnal.
Exagerar.
Omitir. Falar só a parte que convém e ocultar o resto.
2. Irai-vos e não pequeis
A Palavra de Deus nos mostra que há dois tipos de ira: a justa e a injusta. Em Efésios 5.6, é mencionado que a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência. O pecado produz a ira de Deus e deveria produzir a ira dos seus filhos também. A ira justa é mais uma santa indignação. Todavia, precisamos ser cuidadosos com a ira.
Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. (Tg 1.19-20)
Assim, nossa ira não deve estar associada ao pecado. A ira torna-se pecaminosa quando está ligada à vingança, amargura, despeito e orgulho ferido. Em segundo lugar, nossa ira não deve ser alimentada. Quando Paulo diz que o sol não deve se pôr sobre nossa ira, ele está dizendo que nossa ira não deve ser acalentada. Muitos casais têm por hábito jamais deixar uma contenda para ser resolvida no outro dia, fazem o propósito de jamais dormir chateados um com o outro. Às vezes, precisam ficar acordados até tarde, mas é um bom propósito.
3.Não deis lugar ao diabo
Certamente, quando mentimos, damos lugar ao diabo, e também quando deixamos a ira permanecer até o dia seguinte. A respeito disso, temos o exemplo de Saul. Por deixar o sol se pôr sobre o pecado, no dia seguinte, ele recebeu um espírito maligno que o oprimia. Esta é a diferença entre curiosidade, carne e opressão maligna: o primeiro gole é curiosidade; o segundo já é carne, pois envolve prazer e tentação; o terceiro é opressão e escravidão do diabo, pois a pessoa já não tem escolha senão beber.
Sucedeu, porém, que, vindo Saul e seu exército, e voltando também Davi de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tambores, com júbilo e com instrumentos de música. As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares. Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino? Daquele dia em diante, Saul não via a Davi com bons olhos. No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa; e Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na mão uma lança, que arrojou, dizendo: Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes. (1 Sm 18.6-11)
4. Aquele que furtava não furte mais
Não furtar era o oitavo mandamento da lei de Moisés. Ele se aplica não somente a furtar dinheiro ou bens do próximo, mas também à sonegação de impostos e truques com a alfândega; aplica-se ainda aos empregadores que oprimem os trabalhadores e aos empregados que fazem um serviço inferior ou não trabalham todas as horas devidas.
Paulo, porém, vai além do mandamento negativo de não roubar, o crente deve também trabalhar com as próprias mãos fazendo o que é bom, ganhando a própria vida. Ele deve deixar de ser um parasita social e passar a contribuir na comunidade. Somente Cristo pode transformar um ladrão em um doador.
5. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe
A palavra “torpe” é sapros no grego e é empregada para árvores e frutos podres. Assim, a palavra “torpe” é aquela que, em vez de transmitir graça, transmite morte. Jesus disse que as palavras revelam o nosso coração e que prestaremos contas de toda palavra frívola que pronunciarmos.
O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado. (Mt 12.35-37)
Palavras frívolas são aquelas que provêm da amargura e da maldade. Podem ser de vários tipos: críticas, palavras sujas e gírias indecentes, quando expomos outros. Fatos que deveriam ser guardados são falados em público. Qualquer palavra que não for dita para edificação pode ser uma palavra frívola. A melhor maneira de evitar as palavras frívolas é não falar em demasia (Tg 3.1-12)
No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente. (Pv 10.19)
Aquele que fala impensadamente tem também uma vida descuidada e sem critérios. Nada revela mais uma pessoa do que suas palavras. Ao tratarmos esse assunto das palavras, é preciso também nos determos na questão do ouvir. Como ouvir:
Resista ouvir palavras frívolas.
Muitos falam erradamente porque ouvem o que não é apropriado.
Faça-se de surdo.
Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boca. Sou, com efeito, como quem não ouve e em cujos lábios não há réplica. (Sl 38.13-14)
6. Não entristeçais o Espírito de Deus
Todos os pontos mencionados são formas como podemos entristecer o Espírito Santo. O fato de Ele poder ser entristecido é uma prova cabal de que o Espírito Santo é uma pessoa. Somente uma pessoa pode se entristecer. Paulo estava consciente de que, por trás das ações dos homens, existem personalidades invisíveis. Ele diz que podemos dar lugar ao diabo e entristecer o Espírito Santo. Já falamos anteriormente sobre o selo do Espírito Santo. Esse selo é o carimbo ou a marca que indica propriedade exclusiva de Deus. Embora já tenhamos a redenção no sentido de perdão, ainda não temos a redenção do nosso corpo, que é a glorificação. Assim, Paulo diz que haverá o dia da redenção. Quando amamos alguém, evitamos ao máximo dar-lhe qualquer motivo de tristeza.
7. Longe de vós toda maldade
A maldade é aqui representada por toda amargura, cólera, ira, gritaria, blasfêmias e malícia. A cólera e a ira obviamente são semelhantes, mas a cólera é mais apaixonada, enquanto a ira já é um desenvolvimento da cólera e denota uma hostilidade sombria. O resultado da cólera e da ira é a gritaria, que aponta para os berros e gritos de uma pessoa durante uma altercação ou briga. Depois de consumar a cólera, a ira e a gritaria, vem a blasfêmia, que, nesse caso, refere-se a falar mal dos outros, especialmente pelas costas, visando difamar e destruir a reputação do outro. O resultado final é a maldade. A palavra traduzida como malícia (kakia no grego) poderia ser melhor traduzida como maldade. Nesse contexto, não tem o sentido de malícia sexual, mas de maldade mesmo, desejar e tramar o mal contra o próximo.
8. Sede benignos e compassivos uns para com os outros
A palavra “benigno” é “chrestos” no grego e era particularmente querida pelos primeiros cristãos por causa da sua semelhança com “Christos”, a palavra grega para Cristo. Essa palavra foi usada por Jesus para descrever a bondade de Deus até para com os maus e ingratos (Lc 6.35).
Compassivo é aquele que tem ternura no coração. A expressão perdoando uns aos outros é a palavra “charizomenoi”, que literalmente significa sermos graciosos uns para com os outros ou agirmos com graça. O padrão é perdoar o irmão como Deus nos perdoou em Cristo.
Fonte: 21 Dias com Jesus nos lugares celestiais — Pr. Aluízio Silva
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